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Cientistas descobrem como o temível verme de sangue desenvolve dentes metálicos

As presas venenosas da criatura contêm uma quantidade de cobre única entre o reino animal
Por History Channel Brasil em 29 de Abril de 2022 às 21:06 HS
Cientistas descobrem como o temível verme de sangue desenvolve dentes metálicos-0

Os vermes de sangue (Glycera dibranchiata) são uma espécie marinha carnívora conhecida por seus terríveis dentes venenosos compostos de metal. Isso mesmo: essas criaturas fascinam os pesquisadores justamente devido a essas presas pontiagudas que contêm cobre. Agora, um novo estudo desvendou como esses seres desenvolvem sua inusitada dentição metálica.

Dentes semelhantes a agulhas

Os dentes dos vermes, semelhantes a agulhas, têm cerca de 2 milímetros e são compostos de uma mistura de proteína, melanina e 10% de cobre, a maior concentração desse metal observada em qualquer animal. Os exemplares da espécie (que podem atingir até 35 centímetros de comprimento) se enterram sob o lodo do leito marinho, onde se escondem para caçar. Na hora do bote, eles surpreendem suas vítimas ao atacá-las com suas presas poderosas que contêm um veneno paralisante.

Verme de sangue

O novo estudo, assinado por Herbert Waite, bioquímico da Universidade da Califórnia, aponta como essas presas são formadas. Para desenvolver as mandíbulas, os vermes colhem o cobre de sedimentos marinhos no fundo do mar. Então, as criaturas fundem suas mandíbulas com o metal por meio de uma reação química que utiliza uma proteína multitarefa (MTP, na sigla em inglês).

A pesquisa revelou que os vermes utilizam a MTP para coletar o cobre do fundo do mar e produzir um aminoácido chamado levodopa (L-Dopa ou 3,4-dihidroxifenilalanina). Então, usando o cobre como catalisador, o verme transforma a L-Dopa em melanina, um polímero que, combinado com proteína, confere à mandíbula propriedades mecânicas que se assemelham a metais manufaturados. Os pesquisadores acreditam que esse processo pode ser adaptado pela indústria química para produzir novos compostos.

Fontes
EurekAlert, Science Alert e Live Science
Imagens
Herbert Waite (CC BY-SA) e Matter/Wonderly et. al. (CC BY-SA)