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Inédito: buraco negro "arrota" uma estrela que ele engoliu anos antes

Gigante espacial expeliu material estelar em um evento que nunca havia sido observado
Por History Channel Brasil em 14 de Outubro de 2022 às 23:56 HS
Inédito: buraco negro "arrota" uma estrela que ele engoliu anos antes-0

Ao observar dados captados por um radiotelescópio, astrônomos descobriram algo surpreendente. O equipamento registrou sinais de um buraco negro que começou a lançar material estelar no espaço, o equivalente astrofísico a arrotar após uma refeição. Fenômenos parecidos já haviam sido observados, mas nesse caso aconteceu algo inédito, pois fazia três anos que o gigante espacial havia devorado uma estrela pela última vez.

"Arroto estelar"

“Isso nos pegou completamente de surpresa – ninguém nunca viu nada assim antes”, diz Yvette Cendes, pesquisadora do Centro de Astrofísica Harvard & Smithsonian (CfA) e principal autora de um novo estudo que analisou o fenômeno. O evento, que os cientistas chamaram de "AT2018hyz", começou em 2018, quando os astrônomos viram o buraco negro atrair uma estrela com sua forte atração gravitacional antes de destruí-la. Então, três anos depois, um radiotelescópio do Novo México captou um sinal indicando a atividade incomum: o buraco negro começou a "arrotar" a estrela.

A equipe de Cendes concluiu que o buraco negro está ejetando material estelar a 50% da velocidade da luz, mas não se sabe ao certo por que esse fluxo foi desencadeado com um atraso de vários anos. Buracos negros já haviam sido vistos devorando estrelas antes de expeli-las, mas até agora, essa ejeção só havia sido observada no momento da refeição. “Esta é a primeira vez que testemunhamos um atraso tão longo entre a alimentação e a saída”, disse Edo Berger, professor de astronomia da Universidade de Harvard e coautor do novo estudo.

Os resultados, descritos no Astrophysical Journal, podem ajudar os cientistas a entender melhor o comportamento alimentar dos buracos negros. De acordo com os pesquisadores, o próximo passo é descobrir se esse fenômeno acontece com regularidade ou se trata de um caso isolado.

Fontes
Universidade Harvard e Live Science
Imagens
DESY, Science Communication Lab/Divulgação, via Universidade Harvard