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Não há esperança de encontrar vida em mundos gelados do Sistema Solar, diz estudo

Pesquisadores chegaram a essa conclusão ao analisar Titã, uma das luas de Saturno que também é um mundo oceânico
Por History Channel Brasil em 18 de Fevereiro de 2024 às 13:07 HS
Não há esperança de encontrar vida em mundos gelados do Sistema Solar, diz estudo-0

Uma das maiores esperanças de descobrir vida fora da Terra estava em locais como Titã, uma das luas de Saturno. Isso porque o satélite natural é também um mundo oceânico. Agora, um novo estudo, publicado no periódico Astrobiology, joga um balde de água fria na hipótese de que esse e outros mundos gelados do Sistema Solar poderiam abrigar seres vivos.

Ambiente inabitável

O estudo, liderado pela astrobióloga Catherine Neish, da Universidade Western, no Canadá, indica que o oceano subterrâneo de Titã, a maior lua de Saturno, é provavelmente um ambiente inabitável. Segundo a pesquisadora, isso significa que é muito menos provável que cientistas espaciais e astronautas encontrem vida no Sistema Solar exterior, lar dos quatro planetas “gigantes”: Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

Lagos de Titã
Lagos de Titã (Imagem: NASA/JPL/Divulgação)

No estudo, os pesquisadores tentaram quantificar a quantidade de moléculas orgânicas que poderiam ser transferidas da superfície rica em orgânicos de Titã para o seu oceano subterrâneo, utilizando dados de crateras de impacto. Os cometas que impactaram o local ao longo de sua história derreteram a superfície da lua gelada, criando piscinas de água líquida que se misturaram com a matéria orgânica da superfície. O derretimento resultante é mais denso do que a sua crosta gelada, por isso a água mais pesada afunda através do gelo, possivelmente até ao oceano subterrâneo de Titã.

Utilizando as taxas de impactos presumidos na superfície de Titã, os cientistas determinaram quantos cometas de tamanhos diferentes atingiriam Titã em cada ano ao longo da sua história. Isso permitiu prever o caudal da água que transporta substâncias orgânicas que viajam da superfície de Titã para o seu interior. A equipe descobriu que o peso dos orgânicos transferidos dessa forma é bastante pequeno, não mais do que 7.500 kg/ano de glicina (o aminoácido mais simples, que constitui as proteínas da vida). 

Segundo Neish, essa quantidade de glicina não é suficiente para sustentar a vida. “No passado, as pessoas muitas vezes presumiam que água era igual a vida, mas negligenciavam o fato de que a vida necessita de outros elementos, em particular carbono”, afirmou. Titã é a lua gelada mais rica em matéria orgânica do Sistema Solar, por isso, se o seu oceano subterrâneo não for habitável, não é um bom presságio para a habitabilidade de outros mundos gelados conhecidos (como as luas de Júpiter, Europa e Ganimedes, e a lua de Saturno, Encélado).

Fontes
Universidade Western
Imagens
iStock