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Os segredos genéticos de uma planta que “nunca morre”

Com apenas duas folhas que crescem incessantemente, a welwitschia pode viver por milhares de anos.
Por History Channel Brasil em 25 de Agosto de 2021 às 17:50 HS
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Uma análise genética publicada na revista Nature Communications desvenda alguns dos segredos da welwitschia, "a planta que nunca morre". Essa curiosa espécie é abundante no deserto de Namib, entre a Angola e a Namíbia, na África. Sua capacidade de sobrevivência em condições extremas intriga pesquisadores há anos.

Chave para a sobrevivência

No idioma afrikáans, falado principalmente na África do Sul e na Namíbia, o nome da planta welwitschia é “tweeblaarkanniedood”, que significa "duas folhas que não morrem". É uma descrição perfeita do que acontece com essa planta formada por duas folhas que crescem constantemente e são capazes de viver por milênios. Devido ao seu formato, ela também é conhecida como "polvo do deserto".

“Essa planta pode viver milhares de anos e nunca para de crescer. Quando isso acontece, ela morre”, afirmou o geneticista de plantas Andrew Leitch, um dos autores do estudo, em entrevista ao New York Times. Estima-se que alguns exemplares da welwitschia podem viver até 3 mil anos.

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Liderados pelo botânico Tao Wan, do Fairy Lake Botanical Garden, em Shenzhen, China, os cientistas analisaram o genoma da planta para decifrar seu aspecto único, extrema resiliência e longevidade. O estudo concluiu que o genoma da welwitschia se duplicou após um erro na divisão celular, há cerca de 86 milhões de anos, quando a seca e a aridez da região do deserto de Namib coincidiram provavelmente com o nascimento do deserto.

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Acredita-se que o fenômeno genético aconteceu devido ao estresse produzido por um clima extremo. As condições ambientais permitiram à welwitschia reduzir significativamente o tamanho e o custo de sua manutenção energética, chave para sua sobrevivência e longevidade.

Leitch acredita que o estudo pode oferecer pistas para a sobrevivência da nossa própria espécie. “Identificar genes que permitam sobreviver em condições hostis será útil quando procurarmos cultivar em zonas cada vez mais marginais do planeta, algo que teremos que fazer para alimentar os nove bilhões de pessoas que seremos dentro de 50 anos", disse em entrevista ao El País.

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Fontes: New York Times e El País

Imagens: iStock e Wikimedia Commons