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5 casais que mudaram a história do mundo

Por History Channel Brasil em 12 de Junho de 2015 às 02:03 HS
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O amor pode mesmo mudar o mundo? Sim, ele pode, se você faz parte de um desses cinco casais famosos. Para melhor ou para pior, por meio da violência ou da ciência, da lei ou da religião, esses romances históricos mudaram o curso da história.

 

1. Cleópatra e Marco Antônio

Cleópatra VII do Egito é geralmente lembrada por seus poderes lendários de sedução e sua maestria em construir alianças sagazes. Ainda assim, sua última parceria política e romântica – com o general romano Marco Antônio – provocou a morte dos dois amantes e derrubou a centenária dinastia ptolemaica à qual ela pertencia. Em 41 d.C., Antônio passou a administrar as províncias orientais de Roma, e ele convocou Cleópatra para responder às acusações de que teria ajudado seus inimigos. Com o objetivo de cortejá-lo, assim como havia feito com Júlio César, Cleópatra chegou em uma magnífica barcaça, vestida como Vênus, a deusa romana do amor. Um Antônio apaixonado a seguiu de volta a Alexandria, comprometendo-se a proteger o Egito e sua coroa. No ano seguinte, ele retornou a Roma para provar sua lealdade ao se casar com a meia-irmã de seu cogovernante, Augusto. Enquanto isso, Cleópatra teve dois gêmeos de Antônio e continuou a reinar um Egito cada vez mais próspero. Antônio voltou para os braços de Cleópatra alguns anos depois e declarou seu filho Ptolomeu XV, que acreditavam ser filho de Júlio César, como seu legítimo herdeiro. Isso causou uma guerra de propaganda com Augusto, que estava furioso e afirmava que Antônio estava totalmente sob o controle de Cleópatra e iria abandonar Roma para fundar uma nova capital no Egito. Em 32 d.C., Augusto declarou guerra a Cleópatra e, em 31 d.C., seu exército derrotou o de Antônio e Cleópatra na Batalha de Áccio. No ano seguinte, Augusto chegou à Alexandria e, novamente derrotou Antônio. Como resultado da batalha, Cleópatra se refugiou no mausoléu que havia encomendado para si mesma. Antônio, informado erroneamente que Cleópatra estava morta, matou-se com sua própria espada. Em 12 de agosto de 30 d.C., após enterrar Antônio e se encontrar com o vitorioso Augusto, Cleópatra se trancou em seu quarto com duas de suas servas e se suicidou. Segundo sua própria vontade, seu corpo foi enterrado com o de Antônio. Enquanto isso, Augusto comemorava sua conquista do Egito e sua consolidação do poder em Roma.

 

2. Henrique VIII e Ana Bolena

Enquanto os historiadores reconhecem que uma combinação de fatores transformou a Inglaterra em uma nação protestante, a fugaz, porém intensa paixão de Henrique VII por uma jovem carismática chamada Ana Bolena certamente teve uma influência nisto. Em 1525, o monarca de meia-idade havia cansado de sua primeira mulher, a católica devota e imensamente popular Catarina de Aragão, que fracassou em lhe dar um herdeiro. Seus olhos notoriamente divagadores resolveram descansar sobre Ana, uma bela e astuta dama de companhia, cujo pai era um cavalheiro e diplomata ambicioso. Ao contrário de sua irmã, Mary, uma de suas conquistas passadas, Ana esnobava as propostas elaboradas do rei e se recusava a ser seduzida sem uma promessa de casamento. Em 1527, Henrique pediu ao Papa Clemente VII uma anulação de seu casamento com Catarina, mas esta lhe foi negada. Incentivado por seus conselheiros, críticos ao papa, ele se casou secretamente com Ana em 1533, rompendo com a Igreja Católica Romana e se colocando como chefe da Igreja Anglicana em seguida. O encanto de Henrique por sua segunda rainha logo começou a desaparecer, especialmente quando ela também se mostrou incapaz de lhe dar o herdeiro que ele tão desesperadamente desejava. Em 1536, mandou prender e decapitar Ana, baseado em acusações falsas de bruxaria, incesto e adultério. Henrique se casou com Joana Seymour, a terceira de suas seis esposas, onze dias depois. Nas décadas seguintes, questões acerca da religião oficial do estado continuariam a quebrar e enfraquecer o reino, e só 44 anos depois, no reinado de Elizabeth I, a filha de Henry com Anne, que uma igreja protestante inglesa seria estabelecida.

 

3. Pierre e Marie Curie

Quando Marie Sklodowska se casou com Pierre Curie, em 1895, os dois embarcaram em uma incrível parceria que lhes daria reconhecimento internacional e que iria influenciar várias gerações de cientistas. Nascida em Varsóvia, na Polônia, em 1867, a brilhante Marie se formou em ciências físicas e matemáticas na Universidade de Sorbonne, em Paris. Em 1894, ela conheceu Pierre Curie, um notável físico e químico francês, oito anos mais velho que ela. Imediatamente, eles criaram um elo a partir do interesse mútuo por magnetismo e ciclismo, e somente um ano depois já estavam casados. Em busca de um tema para sua tese de doutorado e intrigada pela descoberta acidental da radioatividade por Henrique Becquerel, em 1896, Marie começou a estudar raios de urânio. Logo, Pierre se juntaria a ela nessa pesquisa. Em 1898, um ano depois do nascimento de sua filha Irène, os Curies descobriram o polônio – cujo nome foi uma homenagem à terra natal de Marie – e o rádio. Em 1902, conseguiram isolar com sucesso os sais rádio radioativos do mineral pechblenda. No ano seguinte, o casal dividiu o Prêmio Nobel de física com Becquerel, por seus estudos pioneiros na radioatividade. Em 1904, Marie deu à luz sua segunda filha e Pierre foi nomeado titular de física em Sorbonne. Dois anos depois, ele morreu em um acidente em Paris. Embora devastada, Marie prometeu continuar seu trabalho e ficou com a cadeira de seu marido em Sorbonne, tornando-se a primeira professora mulher da universidade. Depois, ela passou a se interessar pelas aplicações medicinais de substâncias radioativas, como o potencial do rádio como terapia para o câncer, e foi diretora do Radium Institute, na Universidade e Paris, um centro importante de química e física nuclear. Marie morreu em 1934, de leucemia, causada pelas quatro décadas de exposição a substâncias radioativas. Irène Curie continuou com a tradição da família, dividindo o Prêmio Nobel de 1935 com seu marido, por sua descoberta da radioatividade artificial.

 

4. Nicolau II e Alexandra Feodorovna

Tendo uma agitação revolucionária como pano de fundo e misticismos oportunistas em relação a uma doença incurável de sangramento, a história deste casal teve todos os elementos melodramáticos de ópera sensacional – e, de fato, inspirou pelo menos duas. A neta da Rainha Vitória da Inglaterra, Victoria Alix Helena Louise Beatrice – depois conhecida como Alexandra Feodorovna Romanov –, rejeitou um casamento arranjado com seu primo, o príncipe Albert Victor, após se apaixonar por Nicolau, herdeiro do trono russo, quando era uma adolescente, em 1899. Igualmente apaixonado, seu amante convenceu seu doente e relutante pai a concordar com a união. Assim, eles se casaram em novembro de 1894, apenas algumas semanas após a morte do czar e a coroação de Nicolau. Embora ocorrido no meio de grande tristeza, o casamento foi feliz e cheio de paixão, gerando quatro filhas e um filho, Alexei. De seu pai, o jovem czarevich herdou o trono da Rússia, mas sua mãe lhe deixou um legado ainda mais penoso: o gene mutante da hemofilia, um distúrbio de coagulação do qual tanto ela quanto sua avó Vitória eram portadoras. Com medo de perder Alexei, seus pais passaram a confiar cada vez mais no controverso “monge louco” Grigori Rasputin, cujo tratamento de hipnose parecia melhorar as hemorragias do menino. A influência política de Rasputin sobre o czar e a czarina prejudicou a confiança da população russa em relação à dinastia Romanov e contribuiu para sua derrubada durante a Revolução de Fevereiro, em 1917. Nicolau, Alexandra e seus filhos foram executados em 16 de julho de 1918 por ordem do líder bolchevique Vladimir Lenin. Ao menos indiretamente, o romance do casal real abriu um novo e sangrento capítulo na história da Rússia.

 

5. Mildred e Richard Loving

Richard Loving, um homem branco, conheceu Mildrer Jeter, uma amiga da família que era de descendência africana e de índios, quando eles eram adolescentes, e sua relação rapidamente se transformou em um romance. Em junho de 1958, o casal dirigiu 130 quilômetros de sua nativa Virgínia, onde as chamadas leis de “antimiscigenação” tornavam as uniões inter-raciais ilegais, para se casar em Washington, D.C. Cinco semanas depois, após terem retornado para Vírginia, policiais entraram em sua casa e acordaram os recém-casados no meio da noite. Quando um xerife perguntou o que Richard, com 24 anos na época, estava “fazendo na cama com essa mulher”, ele simplesmente apontou para a certidão de casamento que estava pendurada na parede. Presos e acusados de “coabitar como homem e mulher contra a paz e dignidade da comunidade”, os dois foram sentenciados a um ano de prisão ou um exílio de 25 anos de seu estado de origem. O casal se mudou para Washington, onde viveu por cinco anos e teve três filhos. Sentindo falta da família e dos amigos de Virgínia, eles contataram o procurador geral dos EUA, Robert F. Kennedy, que os encaminhou à União Americana pelas Liberdades Civis. Advogados voluntários acabaram levando o caso à corte suprema, que, na decisão histórica do Loving v. Virginia de 1967, determinou por unanimidade que as proibições de casamentos inter-raciais na Virgínia e em outros 15 estados eram inconstitucionais. Richard morreu em um acidente de carro em 1975 e Mildred permaneceu na casa em Virgínia que ele havia construído até sua morte, em 2008.

 

Você Sabia?

No antigo Egito, a maioria dos casais provavelmente nunca participou de nenhum tipo de cerimônia civil ou religiosa. Em vez disso, eles eram declarados marido e mulher assim que a noiva levava seus pertences à casa do noivo. Entre as classes mais abastadas, os contratos de casamento eram, às vezes, feitos e preenchidos em templos locais.

 


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