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8 mulheres brasileiras que fizeram história

Por History Channel Brasil em 08 de Março de 2021 às 11:16 HS
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Inúmeras mulheres deixaram seus nomes na História do Brasil. Atuando em diversas frentes, elas ajudaram a construir o nosso país com muita coragem e força. Confira abaixo a trajetória de algumas delas:

Maria Quitéria

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Maria Quitéria de Jesus foi uma militar que se tornou heroína da Guerra da Independência. Nascida no dia 27 de julho de 1792, em Feira de Santana (BA), ela estava noiva quando, entre 1821 e 1822, começaram as movimentações na Bahia contra o domínio de Portugal. Foi quando pediu ao seu pai autorização para se alistar no "Exército Libertador". 

Como seu pedido foi negado pelo pai, Maria Quitéria fugiu para a casa da meia-irmã, Teresa Maria e, lá, cortou os cabelos. Trajada como homem, ela se alistou com o nome de Medeiros, no Regimento de Artilharia, onde foi encontrada pelo pai duas semanas depois. O Major José Antônio da Silva Castro defendeu sua permanência na tropa, pois ela possuía facilidade no manejo das armas e tinha disciplina militar. 

Em 2 de julho de 1823, quando o Exército Libertador entrou em triunfo em Salvador, Maria Quitéria foi saudada e homenageada pela população. No dia 20 de agosto, foi recebida no Rio de Janeiro pelo imperador, que a condecorou com a Imperial Ordem do Cruzeiro, no grau de cavaleiro. Mais tarde, Maria Quitéria foi perdoada pelo pai e se casou com um antigo namorado. A "Joana d'Arc brasileira"  morreu aos 61 anos, quase cega e no anonimato, em Salvador. 

Anita Garibaldi

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Ana Maria de Jesus Ribeiro, mais conhecida como Anita Garibaldi ficou conhecida como a "Heroína dos Dois Mundos". Nascida em 1821, ela foi companheira do revolucionário Giuseppe Garibaldi, que conheceu aos 18 anos, em Laguna, Santa Catarina, durante a Revolução Farroupilha, ou Guerra dos Farrapos. 

Assim que conheceu Giuseppe, Anita se apaixonou e decidiu lutar pela independência da província do Rio Grande do Sul. Enquanto estiveram juntos, tiveram quatro filhos. Um deles morreu aos dois anos. Anita seguiu seu marido nos combates em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai e Itália, onde presenciou a proclamação da República Romana, em 1849, mesmo ano da sua morte, no dia 4 de agosto de 1849, em Mandriole, na Itália.

Ela morreu doente, durante o parto do quinto filho, que também não sobreviveu. Tanto no Brasil como na Itália, Anita é considerada exemplo de dedicação e coragem. 

Tereza de Benguela

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Tereza de Benguela foi líder do Quilombo do Quariterê, no Mato Grosso.  Lá, ela era conhecida como “Rainha Tereza”, atuando como estrategista militar e dirigente política. De acordo com documentos da época, ela estabeleceu em seu quilombo uma forma de governar que funcionava de forma semelhante a um parlamento, com deputados, um conselheiro, reuniões e uma sede. 

O Quilombo de Quariterê esteve em atividade entre 1730 e 1795. A liderança de Tereza vigorou até 1770, quando foi presa e morta pelo Estado.

Chica da Silva

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Chica da Silva nasceu por volta de 1730, perto de Arraial do Tijuco, hoje Diamantina (MG), filha de mãe escravizada e de um militar português. Jovem, ela foi vendida por seu pai como escrava a um médico, que quem teve um filho. 

Em 1754, o contratador português João Fernandes (responsável pela compra e venda dos diamantes), compra Chica da Silva e os dois se apaixonam. Depois que ela foi alforriada, os dois passaram a viver juntos, para escândalo da sociedade da época. Segundo relatos, o casal teve 13 filhos que foram reconhecidos pelo pai, algo raro para o período.

Chica era quase “dona” de Diamantina, tornando-se rica e poderosa. Tinha propriedades e morreu com mais de 60 anos. Foi enterrada em uma igreja, o que até então era um privilégio de brancos de elite.

Chiquinha Gonzaga

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A compositora Chiquinha Gonzaga, nascida em 1847, é considerada uma das maiores personalidades femininas da história da música popular brasileira. Sua obra reúne dezenas de partituras para peças teatrais e centenas de músicas nos mais variados gêneros. Bastante avançada para o seu tempo, ela desafiou preconceitos. Escreveu a primeira marcha carnavalesca com letra ("Ó Abre Alas", 1899) e também foi a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil.

Desde muito nova, Chiquinha frequentou aulas de música e, aos 11 anos, escrevia composições. Casou-se aos 16 anos com um oficial da Marinha Mercante, escolhido pelos pais, e engravidou. Alguns anos depois de casada, não suportou o casamento e se separou do marido, que a impedia de viver o seu sonho com a música. Sofreu muito preconceito na época por desafiar os padrões vigentes. A separação foi um escândalo para a época. Chiquinha teve três filhos desta união, mas foi impedida de ficar com todos após a separação. 

Com uma carreira sólida, Chiquinha também foi a primeira pianista de choro, introdutora da música popular nos salões elegantes e fundadora da primeira sociedade protetora dos direitos autorais. Ela morreu em 1935, aos 87 anos.

Tarsila do Amaral

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A pintora e desenhista Tarsila do Amaral foi uma das figuras centrais do movimento modernista brasileiro. Seu quadro Abaporu, de 1928, deu início ao movimento antropofágico nas artes plásticas. Nascida em 1886 em uma família rica de fazendeiros, ela estudou em um colégio de freiras em São Paulo e depois completou seus estudos em Barcelona. 

Tarsila se casou em 1906 com um médico, mas o marido queria que ela ficasse apenas em casa, como era o pensamento da época. Tarsila não aceitou isso e se separou um ano depois. A partir de 1917, Tarsila começou a aprender pintura e, em 1920, viajou para Paris, onde foi estudar arte. Tarsila aderiu às ideias modernistas ao voltar ao Brasil, em 1922. 

A artista foi homenageada com retrospectivas na década de 60 no Museu de Arte Moderna, em São Paulo, e na Bienal de Veneza. Tarsila morreu em 1973.

Nise da Silveira

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A médica psiquiatra Nise da Silveira revolucionou seu campo de trabalho no Brasil. Discípula de Carl Jung, ela dedicou sua vida ao trabalho com doentes mentais, manifestando-se radicalmente contra tratamentos que julgava agressivos em sua época, como o confinamento em hospitais psiquiátricos, eletrochoque e lobotomia.

Nascida em Maceió (AL) em 1905, foi a única mulher a se formar em medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia em uma turma de 158 alunos. Em 1936, chegou a ser presa por conta de suas ideias, e, dez anos mais tarde, começou um trabalho pioneiro no tratamento da esquizofrenia.

Um dos maiores símbolos da luta antimanicomial, Nise foi uma das primeiras psiquiatras a receitar a aplicação da terapia ocupacional, ajudando a mudar os rumos dos tratamentos psiquiátricos no Brasil. Ela ainda foi pioneira ao enxergar o valor terapêutico da interação de pacientes com animais. A médica morreu em 1999, no Rio de Janeiro.

Antonieta de Barros

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Antonieta de Barros foi a primeira mulher negra a ser eleita deputada no Brasil. Em 1935, ela conquistou nas urnas uma vaga para a Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Filha de uma ex-escrava, ela teve papel fundamental na luta pela igualdade racial e pelos direitos das mulheres no país. 

Nascida em Florianópolis (SC), em 1901, Antonieta teve uma infância difícil. Após ser libertada da escravidão, sua mãe trabalhou como lavadeira. Para completar o orçamento, ela transformou sua casa em pensão para estudantes. Seu pai, um jardineiro, morreu quando ela ainda era menina. 

Foi convivendo com os estudantes na pensão de sua mãe que Antonieta se alfabetizou. Em 1922, fundou um curso voltado para a educação da população carente. Antonieta também trabalhou como jornalista. Em 1934, na primeira vez em que as mulheres brasileiras puderam votar e se candidatar, filiou-se ao Partido Liberal Catarinense, elegendo-se deputada estadual. Mas Antonieta nunca deixou de exercer o magistério. Ela dirigiu a escola que levava seu nome até morrer, em 1952.  


Fontes: Toda Matéria, Brasil Escola, G1 e UOL

Imagens: Domínio Público/Wikimedia Commons