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Amazonas do Daomé: o exército de mulheres que inspirou as guerreiras de Pantera Negra

Por History Channel Brasil em 21 de Janeiro de 2021 às 14:31 HS
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Nos quadrinhos e filmes do Universo Cinematográfico Marvel, o reino fictício de Wakanda, liderado pelo herói Pantera Negra, é lar das guerreiras Dora Milaje. Essas personagens foram inspiradas em amazonas africanas que faziam parte do exército do Reino do Daomé, importante estado regional da África que existiu de 1625 a 1894 onde atualmente fica Benin. As descendentes dessas mulheres mantêm suas tradições até hoje. 

Entre seu povo, essas guerreiras eram conhecidas como Ahosi ("esposas do rei") ou Mino ("nossas mães"). Esse grupo de elite teria sido fundado por uma rainha chamada Hangbe. Segundo a lenda, ela assumiu o trono no início do século 18, após a morte repentina de seu irmão gêmeo, Akaba. Após um curto reinado, ela foi removida à força por seu irmão mais novo, Agaja. Ele teria apagado todos os vestígios do reinado de sua antecessora, pois acreditava que apenas homens deveriam ocupar o trono.

Já um dos poucos estudos ocidentais completos sobre o Reino do Daomé, assinado por Stanley Alpern, afirma que elas foram inicialmente convocadas para proteger as portas do palácio real. Uma frase atribuída ao Rei Agaja dizia o seguinte: "Nenhum homem deve dormir dentro das paredes de qualquer um de meus palácios após o pôr do sol, exceto eu." Por isso a guarda tinha que ser composta por mulheres. Uma carta escrita por um comerciante inglês chamado William Snelgrave mencionava a presença de quatro guerreiras com mosquetes atrás do trono do monarca.

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Segundo o estudo, todas as guerreiras do Reino do Daomé eram consideradas esposas do rei, embora ele raramente mantivesse relações sexuais com elas. Em vez disso, as mulheres eram vistas como suas irmãs, filhas e soldadas. Qualquer homem que ousasse tocá-las poderia ser preso ou morto.

As amazonas africanas eram submetidas a um treinamento físico intenso e rigoroso, que incluía exercícios com armas, tendo prisioneiros como alvos de execuções. As guerreiras também ficaram conhecidas por decapitar seus inimigos. Com a ajuda delas, o Reino do Daomé conquistou nações vizinhas, expandindo seu território até a segunda metade do século XIX. No auge de seu poder, cerca de 8 mil guerreiras faziam parte do exército.

Mas o Reino começou a entrar em declínio qunado os franceses passaram a colonizar partes da África. Em uma das últimas batalhas contra os colonos europeus, em 1892, somente 17 das 434 guerreiras teriam voltado com vida. Acredita-se que as últimas das amazonas originais morreram na década de 1940.

Mas ainda hoje as descendentes das guerreiras cultivam suas tradições, transmitidas de geração em geração. O papel da atual rainha e suas amazonas é principalmente cerimonial, presidindo rituais religiosos que acontecem em um templo.

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Fontes: BBC e Teen Vogue

Imagens: Domínio público, via WIkimedia Commons