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Maria Tifoide: a triste história da mulher condenada a viver 26 anos em quarentena

Por History Channel Brasil em 03 de Junho de 2020 às 21:06 HS
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Nos primeiros anos do século XX, uma epidemia de febre tifoide pegou de surpresa a cidade de Nova York, nos Estados Unidos. No geral, a doença estava presente apenas nos bairros de classes mais pobres, mas dessa vez ela estava atacando a classe alta. Foi quando uma investigação concluiu que todos os casos da epidemia entre a população mais rica estavam relacionados a uma só pessoa.

Mary Mallon era uma imigrante irlandesa que havia trabalhado como cozinheira nas casas de pessoas que contraíram a doença. Entre 1900 e 1907, ela cozinhou profissionalmente para oito famílias de bairros nobres. Membros de sete delas desenvolveram febre tifoide. Quando a filha única de um banqueiro chamado Charles Warren morreu da doença, ele contratou o engenheiro sanitário George Soper para investigar o foco da doença. Foi ele que descobriu a ligação de Mary com os casos. 

Soper localizou Mary, que ficou furiosa com a acusação e ameaçou-o com um garfo. Ela também se recusou a fazer exames para determinar se ela tinha a doença. O departamento de saúde de Nova York foi notificado por Soper sobre o caso e a cozinheira acabou presa por "ameaça à saúde pública". Forçada a fazer exames, comprovou-se que ela era portadora da bactéria da febre tifoide. Até aquele momento, a medicina desconhecia o conceito de portadores assintomáticos.

O caso ganhou notoriedade e a imprensa começou a chamá-la pejorativamente de "Typhoyd Mary" ("Maria Tifoide"), estigmatizando-a.  Mary foi condenada a cumprir uma quarentena, sendo libertada após três anos, ao prometer que nunca mais cozinharia para ninguém. No entanto, Mary quebrou o juramento e, cinco anos depois, causou um novo surto ao trabalhar em um hospital. 

Para voltar à profissão, Mary adotou nomes falsos, mas acabou sendo novamente descoberta por Soper em 1915. Após esses novos casos, ela voltou a ser colocada em quarentena, dessa vez por 23 anos, até o dia de sua morte. Ao todo, estima-se que ela tenha contaminado cerca de 50 pessoas, sendo que três delas morreram. O caso gerou discussões envolvendo os aspectos legais e éticos na decisão de condená-la ao isolamento.

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Fonte: BBC

Imagens: Wikimedia Commons