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"Mengele japonês": Médico responsável por alguns dos maiores crimes de guerra jamais foi julgado

Shirō Ishii foi um microbiologista que testou armas químicas e biológicas em humanos
Por History Channel Brasil em 30 de Março de 2021 às 10:42 HS
"Mengele japonês": Médico responsável por alguns dos maiores crimes de guerra jamais foi julgado-0

Durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945) e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o Exército Imperial do Japão promoveu diversas pesquisas com a finalidade de desenvolver um programa de armas biológicas e químicas, experimentadas mais tarde com humanos. O microbiologista Shirō Ishii foi o coordenador do projeto, assumindo depois o cargo de tenente-general do exército. Por seus crimes de guerra, o médico ficaria conhecido como "Josef Mengele japonês".

Shirō Ishii: experimentos na Unidade 731 

A assinatura do Protocolo de Genebra, em 1925, que proibia o uso de armas químicas e biológicas, não foi suficiente para impedir os experimentos de Ishii. Sua iniciação na área começou em 1930, após ser promovido a comandante e ocupar o cargo de professor da Faculdade de Medicina do Exército em Tóquio. Lá, Ishii criou um departamento de Imunologia dedicado a pesquisas que envolviam guerra biológica, incentivado por importantes políticos e militares dos círculos ultranacionalistas japoneses.

Em 1932, ele começou a utilizar áreas ocupadas da China para desenvolver testes preliminares de um projeto secreto. Quatro anos depois, Ishii organizou centros de Prevenção Epidêmica e Abastecimento de Água, que funcionavam como unidades de pesquisa médica, sendo a Unidade 731 a mais tenebrosa. O terrível grupo dirigido por Ishii realizou uma grande quantidade de testes com prisioneiros, provocando-lhes sofrimentos extremos. 

Os experimentos cruéis envolviam congelamento e amputação de membros, aplicação de venenos injetáveis, além da contaminação deliberada de prisioneiros com doenças infecciosas. Algumas fontes garantem que, entre 3 mil e 6 mil presos, incluindo crianças, morreram vítimas dos experimentos. Estima-se que aproximadamente 12 mil pessoas morreram durante seus experimentos. Além disso, outras 300 mil podem ter morrido em ataques químicos e biológicos (durante a Segunda Guerra Mundial, bombas de peste bubônica desenvolvidas por Ishii chegaram a ser jogadas na China, atingindo soldados inimigos e inocentes).

Apesar de todos os experimentos terem sido documentados, as evidências foram destruídas e não houve julgamentos contra os médicos da Unidade 731. Ishii, que tentou fugir, foi preso pelos Estados Unidos em 1946, e tanto ele como outros integrantes da unidade conseguiram negociar sua imunidade no Julgamento de Tóquio.

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Fontes: All That is Interesting e The Conversation

Imagens: Shutterstock.com e Domínio Público, via Wikimedia Commons