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O conselho que Albert Einstein deu a Marie Curie quando ela foi atacada pela imprensa

Ganhadora do Nobel protagonizou um escândalo na França ao se relacionar com um homem casado
Por History Channel Brasil em 29 de Junho de 2022 às 22:42 HS
 O conselho que Albert Einstein deu a Marie Curie quando ela foi atacada pela imprensa-0

A cientista Marie Curie entrou para a história não somente como a primeira mulher a ser agraciada com um Prêmio Nobel, mas também como a primeira pessoa a ganhá-lo duas vezes. Em 1903, recebeu o prêmio de Física, e, em 1911, o de Química. Mas seu sucesso profissional não impediu que fosse atacada publicamente devido a aspectos de sua vida pessoal. Nesse período difícil, ela recebeu a solidariedade de um colega famoso: Albert Einstein.

Relacionamento escandaloso

Ao lado do marido, Pierre, Marie Curie foi pioneira no estudo da radioatividade, tendo descoberto dois novos elementos da tabela periódica: o polônio e o rádio. Após ter ficado viúva, Marie se envolveu com o físico Paul Langevin, ex-pupilo de Pierre. O relacionamento causou escândalo na época, pois Langevin era casado.

Paul Langevin
Paul Langevin (Imagem: Henri Manuel, via Wellcome Images/Wikimedia Commons (CC BY 4.0))

Revoltada com o romance, a esposa de Langevin vazou para a imprensa cartas de amor trocadas entre seu marido e Marie Curie. Foi quando os jornais da França retrataram a cientista como uma sedutora que tinha enfeitiçado um homem de família e o afastado de sua esposa e filhos. Tudo isso estourou enquanto Curie e Langevin estavam participando de uma conferência internacional com outros cientistas de renome na Bélgica, em 1911.

Quando voltou para a França, Marie Curie encontrou uma multidão enfurecida em frente a sua casa, assustando suas duas filhas, de 7 e 14 anos. Albert Einstein, que havia acabado de conhecer a cientista na conferência belga, ficou indignado com a situação. Foi quando ele resolveu mandar uma carta solidarizando-se com a colega e aconselhando-a a ignorar as críticas. Confira abaixo:

"Caríssima Sra. Curie,

Não ria de mim por escrever para a senhora sem ter nada sensato a dizer. Mas estou tão enfurecido com a maneira vil com que o público está se atrevendo a se preocupar com a senhora que eu absolutamente devo dar vazão a esse sentimento. No entanto, estou convencido de que a senhora despreza consistentemente essa ralé, estando ela obsequiosamente esbanjando respeito pela senhora ou tentando saciar seu desejo por sensacionalismo!

Sinto-me impelido a dizer-lhe o quanto passei a admirar o seu intelecto, a sua determinação e a sua honestidade, e que me considero sortudo por tê-la conhecido pessoalmente em Bruxelas. Quem não está entre esses répteis certamente está feliz, agora como antes, por termos entre nós personagens como a senhora, e Langevin também, pessoas reais com as quais nos sentimos privilegiados por manter contato. Se a ralé continuar a se ocupar com a senhora, simplesmente não leia essas besteiras, mas deixe-as para os répteis para quem foram fabricadas.

Com os mais amigáveis cumprimentos a vocês (...) muito sinceramente,
 
A. Einstein

Eventualmente, o romance entre o casal de cientistas terminou e Langevin se reconciliou com a esposa. Anos depois, a vida de Marie Curie chegou ao fim devido às consequências de suas pesquisas pioneiras. Em 1934, ela morreu de anemia aplástica, uma doença decorrente da manipulação de material radioativo sem o uso de equipamentos apropriados.

Fontes
IFLScience e Gizmodo
Imagens
Domínio Público, via Wikimedia Commons