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O herói da Segunda Guerra que não foi condecorado por ser negro

Sul-africano Job Maseko recebeu um tratamento muito diferente dos veteranos brancos
Por History Channel Brasil em 21 de Julho de 2021 às 21:08 HS
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Um caso de racismo envolvendo um soldado da África do Sul que lutou na Segunda Guerra Mundial volta à tona após mais de 70 anos. O soldado Job Maseko não recebeu a mais alta condecoração militar do seu país pelo fato de ser negro. Agora, um grupo de ativistas se juntou à família do combatente em busca do reconhecimento póstumo por seu heroísmo.

A heroica façanha de Job Maseko

Maseko, considerado um herói de guerra, morreu em 1952, pobre e esquecido, após ser atropelado por um trem. Uma década antes, enquanto era prisioneiro de guerra, improvisou um explosivo que destruiu um cargueiro alemão em Tobruk, na Líbia. No entanto, quando voltou para a África do Sul, as políticas racistas da época negaram-lhe o mesmo tratamento dispensado aos veteranos brancos. Segundo o ativista Bill Gillespie, embora Maseko tenha recebido a Medalha Militar por sua "ação meritória e corajosa", deveria ter recebido a Cruz Vitória, condecoração máxima, o que não aconteceu por ser negro.

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Homenagem póstuma a Job Maseko

Junto ao grupo de ativistas que lutam pela condecoração de Maseko, encontra-se a família do soldado. “Estou muito orgulhosa do que ele fez, mas ao mesmo tempo, me dá pena. Acreditamos que se tivesse sido um soldado branco, teria recebido a mais alta distinção”, explicou Jennifer Nkosi Maaba, sobrinha de Maseko. Enquanto os soldados brancos que retornaram da guerra receberam casas e terras, os aproximadamente 80 mil soldados negros do Corpo Militar Nativo receberam bicicletas, sapatos e, apenas em ocasiões especiais, uma vestimenta.

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O herói recebeu uma medalha como esta, mas seu nome foi grafado erroneamente no verso como Job "Masego"

Maseko foi capturado pelos alemães em 1942, depois que seu comandante se rendeu em Tobruk, e foi forçado a trabalhar no descarregamento das docas nazistas. Com sua experiência como operário nas minas de ouro sul-africanas, no dia 21 de julho, ele encheu uma pequena lata de pólvora e a inseriu em uma lata de gasolina, no porão de um navio, que explodiu e afundou. "Ele merece mais do que um par de botas e uma bicicleta pela bravura ... ele merece a Cruz Vitória, porque sua coragem ensinou ao mundo a destreza do exército sul-africano", disse Nkosi Maaba. O consenso histórico indica que por essa ação ele realmente deveria ter sido condecorado com a Cruz Vitória.

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Fonte: BBC

Imagens: Wikimedia Commons e Arquivo Pessoal/Reprodução