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Notícia falsa estava por trás de queima de livros promovida por Getúlio Vargas

Por History Channel Brasil em 30 de Outubro de 2020 às 17:49 HS
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O termo alemão Bücherverbrennung significa queima de livros. O conceito se popularizou em 1933, quando o regime nazista lançou uma campanha para destruir obras consideradas subversivas. Mas a prática não se restringiu à Alemanha: quatro anos depois, o Estado Novo de Getúlio Vargas jogou na fogueira quase dois mil livros "comunistas".

A queima aconteceu durante um momento tenso que se originou de uma notícia falsa. Em 1937, o chefe do Estado-Maior do Exército brasileiro, general Góes Monteiro, anunciou a descoberta de um suposto complô cujo objetivo era a derrubada do presidente Getúlio Vargas. De acordo com as autoridades, o chamado Plano Cohen havia sido elaborado pela Internacional Comunista. Só que tudo não passava de uma farsa, o plano nunca existiu.

Com base nessa mentira, Getúlio Vargas solicitou imediatamente ao Congresso autorização para decretar o estado de guerra pelo prazo de 90 dias. A aprovação da medida abriu caminho para o golpe do Estado Novo, desfechado em 10 de novembro de 1937. Um dos atos autoritários  que resultaram dessa iniciativa foi uma queima de livros em Salvador, na Bahia.


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Em 19 de novembro daquele ano, o Estado Novo mandou incinerar na capital baiana 1.827 livros considerados “propagandistas do credo vermelho”. A fogueira foi montada em frente à Escola de Aprendizes de Marinheiro. A destruição foi acompanhada por militares e membros da comissão de buscas e apreensões de livros, grupo nomeado pela Comissão Executora do Estado de Guerra.

Entre os livros queimados, 1.694 eram de autoria de Jorge Amado (que era filiado ao Partido Comunista). Desses, 808 eram exemplares de sua obra lançada meses antes, Capitães da Areia. O livro, que se tornaria um clássico da literatura brasileira, abordava a miséria de crianças abandonadas que cometiam crimes para sobreviver. Na mesma fogueira, também foram incineradas algumas cópias de Menino de Engenho, de José Lins do Rego, que tratava da desigualdade nas relações sociais no campo brasileiro.

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Fontes: BBC e Correio 24 Horas

Imagens: Shutterstock.com e Reprodução