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Um "chiclete" de 6 mil anos permitiu reconstruir o rosto de uma mulher da Idade da Pedra

Por History Channel Brasil em 27 de Dezembro de 2019 às 16:10 HS
Um "chiclete" de 6 mil anos permitiu reconstruir o rosto de uma mulher da Idade da Pedra-0

Um grupo de cientistas da Universidade de Copenhague publicou recentemente os resultados de um estudo realizado a partir dos traços de DNA deixados em uma "goma de mascar" por uma mulher que viveu há 6 mil anos em na ilha remota de Lolland, na Dinamarca. Graças à análise de seu código genético, os especialistas puderam reconstruir o rosto dessa mulher, que chamaram de Lola. De acordo com a revista Nature Communications, na qual a pesquisa foi publicada, esta é a primeira vez que se extrai genoma humano de um material diferente de ossos.

A goma é uma substância marrom-escura criada pelo aquecimento da casca de bétula. Esta substância era usada desde a era paleolítica como cola usada em cabos de ferramentas de pedra. Outros usos para a goma de bétula também foram especulados. Uma teoria sugere que ela poderia ter sido usada para aliviar a dor de dente ou outras doenças, pois é levemente antisséptica. Outras teorias sugerem que as pessoas poderiam usá-la como uma espécie de escova de dentes pré-histórica, para enganar a fome ou apenas por diversão, como um chiclete.

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Imagem: Theis Jensen/Universidade de Copenhague/Reprodução

Com base no genoma humano encontrado, os pesquisadores deduziram que a goma de bétula era mastigada por uma mulher. Segundo o estudo, ela era geneticamente mais próxima dos caçadores-coletores da Europa continental do que dos povos que viviam na Escandinávia central na época. Os cientistas também descobriram que ela provavelmente tinha pele escura, cabelos escuros e olhos azuis. Acredita-se que é provável que ela seja descendente de uma população de colonos que ocupou essa área após abandonar as geleiras.

Os pesquisadrores também conseguiram extrair DNA de micróbios e patógenos que ela carregava na boca. Assim, eles identificaram traços do vírus Epstein-Barr, conhecido por causar mononucleose infecciosa ou febre glandular. De acordo com o professor Hannes Schroeder, da Universidade de Copenhague, as antigas gomas de mascar têm grande potencial para ajudar a pesquisar a composição de nosso microbioma ancestral e a evolução de patógenos humanos. "Elas podem nos ajudar a entender como os patógenos evoluíram e se espalharam ao longo do tempo e o que os torna particularmente virulentos em um determinado ambiente. Ao mesmo tempo, podem ajudar a prever como um patógeno se comportará no futuro e como ele poderá ser contido ou erradicado", completou.


Fonte: BBC, Live Science e Universidade de Copenhague

Imagem: Tom Björklund/Universidade de Copenhague/Reprodução