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Conheça a triste história de Tanya Sávicheva, a Anne Frank soviética, e seus registros da guerra

Por History Channel Brasil em 21 de Fevereiro de 2014 às 06:00 HS

A Segunda Guerra Mundial marcou para sempre a história da humanidade, e acerta alvos muito além de seus campos de batalha. A tragédia da guerra tem vários tons, muitos deles, quando fora de seu contexto original, revelam os matizes da sensível natureza humana. Um exemplo foi o caso de Anne Frank e seu diário, narrado através da ótica de uma menina doce e inocente. Sua história ganhou o mundo, foi vista e lida por milhões de pessoas. No entanto, muitas outras meninas viveram e padeceram em condições bastante semelhantes, onde o contato diário com o medo e a morte é constante.   Tatyana Savicheva, uma menina russa de apenas onze anos, teve sua vida transformada pela guerra durante o Cerco de Leningrado. Suas percepções registradas em um caderno escolar foram apresentadas como provas de crimes nazistas durante os Julgamentos de Nuremberg. Diferentemente do Diário de Anne Frank, de estilo narrativo e detalhado, o caderno de Tatyana registra, um a um, o nome dos familiares que viu morrer. Na maioria dos casos, suas notas com datas e horas são simples e precisas.  Uma menina tão pequena contabilizando vítimas de assassinatos injustificados é aterrorizante.   O conteúdo é composto, literalmente, pelas seguintes notas em ordem cronológica: “1- Zhenia morreu em 28 de dezembro de 1941, às 12:30. 2- Vovó morreu em 25 de janeiro de 1942, às 15:00. 3- Leka morreu em 17 de março de 1942, às 05:00. 4- Tio Vasia morreu em 13 de abril de 1942, 2 horas depois da meia-noite. 5- Tio Lesha em 10 de maio de 1942 às 4:00. 6- Mamãe em 13 de maio de 1942, às 07:30. 7- Os Savichev morreram. 8- Todos morreram. 9- Só sobrou Tatyana.” Os peritos estimam que a última anotação deve ter sido feita pouco antes de agosto de 1942, quando a menina foi resgatada e enviada a um orfanato em Krasny Bor, nos arredores de Leningrado. Esse povoado, meses mais tarde, seria palco de uma das batalhas mais sangrentas vividas pela Divisão Azul, uma das unidades compostas por voluntários espanhóis e portugueses que lutavam apoiando o contingente nazista. O relato da diretora do orfanato, recuperado de uma carta enviada ao irmão da menina, que havia conseguido sobreviver à chacina por estar fora de Leningrado no momento da invasão alemã, revela que Tatyana havia sobrevivido à batalha, apesar de estar doente, fraca e extremamente necessitada de carinho maternal. No dia 1 de julho de 1944, Tatyana morreu vitimada pela tuberculose no Hospital de Shatkovski. Com o fim da Segunda Guerra e a descoberta de seu caderno, a menina foi homenageada inúmeras vezes. Assim, Tatyana se transformou em um símbolo das muitas vítimas inocentes do Cerco de Leningrado. Entre os monumentos e memoriais batizados com seu nome, destaca-se um pequeno asteroide situado entre as órbitas de Marte e Júpiter, descoberto em 1971 pela astrônoma Ludmila Ivanovna. O 2127 Tanya foi batizado como uma homenagem à menina.    

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