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Fóssil de réptil que está entre os mais antigos do mundo é falso

Restos do animal encontrados na década de 1930 intrigaram pesquisadores durante décadas
Por History Channel Brasil em 18 de Fevereiro de 2024 às 16:02 HS
Fóssil de réptil que está entre os mais antigos do mundo é falso-0

Um fóssil de Tridentinosaurus antiquus que foi encontrado nos Alpes italianos em 1931 era considerado um espécime importante para a compreensão da evolução inicial dos répteis. Agora, novas análises feitas nesses restos de de 280 milhões de anos apontam que eles são parcialmente falsos. Um estudo sobre a descoberta foi publicado no periódico Palaeontology.

Tinta preta

O contorno do seu corpo, contendo partes escuras contra a rocha circundante, foi inicialmente interpretado como tecidos moles preservados. Isso levou à sua classificação como membro do grupo de répteis Protorosauria. No entanto, o novo estudo, liderado por Valentina Rossi, da University College Cork, na Irlanda, revela que o fóssil é composto em sua maioria apenas por tinta preta numa superfície rochosa esculpida em forma de lagarto.

Valentina Rossi, líder do estudo
Valentina Rossi, líder do estudo (Imagem: Zixiao Yang/University College Cork/Divulgação, via EurekAlert)

A suposta pele fossilizada foi celebrada em artigos e livros, mas nunca estudada em detalhes. A preservação um tanto estranha do fóssil deixou muitos especialistas incertos sobre a qual grupo de répteis esse animal parecido com um lagarto pertencia e levantava dúvidas a respeito de sua história geológica. A análise microscópica feita agora indicou que a textura e a composição do material não correspondiam às dos tecidos moles fossilizados genuínos.

As descobertas indicam que o contorno corporal do Tridentinosaurus antiquus foi criado artificialmente, provavelmente para melhorar a aparência do fóssil. “A peculiar preservação do Tridentinossauro intrigou os especialistas durante décadas. Agora tudo faz sentido. O que foi descrito como pele carbonizada, é só tinta”, afirmou Evelyn Kustatscher, coautora do estudo.

No entanto, nem tudo está perdido e o fóssil não é completamente falso. Os ossos dos membros posteriores, em particular os fêmures, parecem genuínos, embora mal preservados. Além disso, as novas análises mostraram a presença de minúsculas escamas ósseas chamadas osteodermas (como as escamas dos crocodilos) no que talvez fosse a parte de trás do animal.

Fontes
University College Cork, via EurekAlert
Imagens
Valentina Rossi/University College Cork/Divulgação, via EurekAlert