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A chave para resolver a falta de água teria sido descoberta pelos maias

Pesquisadores dizem que os reservatórios criados pelo povo pré-colombiano podem oferecer lições para a atual crise hídrica
Por History Channel Brasil em 05 de Fevereiro de 2024 às 13:24 HS
A chave para resolver a falta de água teria sido descoberta pelos maias-0

Pesquisadores sugerem que a solução para o problema da atual crise hídrica pode estar no sistema de reservatórios criado pela cultura maia e usado por mais de mil anos. Essas estruturas forneciam água potável a dezenas de milhares de pessoas nas cidades durante a estação seca anual de cinco meses. Um estudo sobre o tema foi publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Filtragem inovadora

O estudo é assinado por Lisa Lucero, pesquisadora da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, nos Estados Unidos. Segundo ela, os antigos reservatórios maias, que usavam plantas aquáticas para filtrar e limpar a água, “podem servir como arquétipos para sistemas hídricos naturais e sustentáveis para atender às necessidades futuras de água”. 

Tikal
Cidade de Tikal

Os maias construíram canais, represas e eclusas para direcionar, armazenar e transportar água. Eles usavam areia de quartzo para filtrar água, às vezes importando-a de grandes distâncias para grandes cidades como Tikal, situada onde hoje é o norte da Guatemala. Evidências apontam que os maias também utilizavam areia zeólita, de origem vulcânica, para filtrar impurezas e micróbios causadores de doenças.

“Os reservatórios de Tikal podiam conter mais de 900 mil metros cúbicos de água”, disse  Lucero. As estimativas sugerem que até 80 mil pessoas viviam na cidade e nos seus arredores no período clássico tardio, entre os anos de 600 a 800 d.C. Segundo a pesquisadora, os reservatórios mantinham as pessoas e as plantações hidratadas durante a estação seca.

Um desafio fundamental era evitar que a água parada nos reservatórios se tornasse imprópria para consumo. Para contornar o problema, os maias dependiam de plantas aquáticas, muitas das quais ainda hoje povoam as zonas úmidas da América Central, como taboas e juncos. Segundo Lucero, essas plantas filtravam a água, reduzindo a sujeira e absorvendo nitrogênio e fósforo.

Lucero diz que as tendências climáticas atuais exigirão muitas das mesmas abordagens empregadas pelos maias, incluindo o uso de plantas aquáticas para melhorar e manter a qualidade da água naturalmente. “As zonas úmidas construídas oferecem muitas vantagens em relação aos sistemas convencionais de tratamento de águas residuais”, escreveu ela. “Eles fornecem uma tecnologia de tratamento econômica, de baixa tecnologia, menos dispendiosa e com alta economia de energia”, concluiu. 

Fontes
Universidade de Illinois em Urbana-Champaign
Imagens
iStock