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Mural de 1.400 anos descoberto no Peru pode representar contato com "reinos cósmicos"

Produzidas por um povo que viveu antes dos incas, gravuras retratam misteriosos homens com dois rostos
Por History Channel Brasil em 18 de Março de 2023 às 12:25 HS
Mural de 1.400 anos descoberto no Peru pode representar contato com "reinos cósmicos"-0

O sítio arqueológico de Pañamarca, situado no vale Nepeña, no litoral do Peru, foi habitado há cerca de 1.400 anos por uma população conhecida como Moche. Esse povo, que praticava sacrifícios humanos, construiu grandes templos e criou obras de arte, como cálices de cerâmica esculpidos no formato de cabeças humanas. Agora novas escavações em um salão cerimonial  revelaram murais retratando figuras misteriosas que podem representar o contato com "reinos cósmicos".

Segundo os pesquisadores, os murais de Pañamarca têm o potencial de revelar informações sobre a identidade coletiva e as aspirações do povo Moche, que viveu muito antes da formação do Império Inca. “Esses murais são lindas janelas para o nosso passado que nunca vimos antes”, afirmou Jessica Ortiz Zevallos, diretora do projeto de pesquisa arqueológica. “Pañamarca era um lugar de notável inovação artística e criatividade", disse Lisa Trever, professora de História da Arte Pré-colombiana e Arqueologia na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.

Mural do povo Moche
Ilustração : Pedro Neciosup Gómez/Pañamarca Digital/Divulgação

Ambos os murais, que adornam um mesmo pilar, retratam homens de duas caras segurando objetos simbólicos. Um deles segura um leque de penas em uma das mãos e um cálice com quatro beija-flores bebendo dele na outra. O segundo mural mostra outro homem de duas faces segurando um leque de penas em movimento em uma das mãos e um objeto semelhante a um bastão na outra. Segundo os pesquisadores, o detalhe dos pássaros bebendo da taça pode simbolizar uma ligação entre mortais e deuses.

"Eu interpreto os beija-flores bebendo do copo como uma poderosa invocação da centralidade do sacrifício na visão de mundo Moche", disse Edward Swenson, diretor do Centro de Arqueologia da Universidade de Toronto, que não está envolvido na descoberta do mural. "O sacrifício servia como um mecanismo crítico para garantir a circulação de fluidos vivificantes entre os seres e os reinos cósmicos", afirmou ele em entrevista ao site Live Science. 
 

Mural do povo Moche
Lisa Trever/Pañamarca Digital/Divulgação
Imagens
Lisa Trever/Pañamarca Digital/Divulgação